sexta-feira, 9 de maio de 2014

Amor & Enganos, Julia Quinn - Opinião

Sinopse: Sophie Beckett tinha um plano ousado: fugir de casa para ir ao famoso baile de máscaras de Lady Bridgerton. Apesar de ser filha de um conde, ela viu todos os privilégios a que estava habituada serem-lhe negados pela madrasta, que a relegou para o papel de criada. Mas na noite da festa, a sorte está do seu lado. Sophie não só consegue infiltrar-se no baile como conhece o seu Príncipe Encantado. Depois de tanto infortúnio, ao rodopiar nos braços fortes do encantador Benedict Bridgerton, ela sente-se de novo como uma rainha. Infelizmente, todos os encantamentos têm um fim, e o seu tem hora marcada: a meia-noite.

Desde essa noite mágica, também Benedict se rendeu à paixão. O jovem ficou até imune aos encantos das outras mulheres, exceção feita… talvez… aos de uma certa criada, que ele galantemente salva de uma situação desagradável. Benedict tinha jurado tudo fazer para encontrar e casar com a misteriosa donzela do baile, mas esta criada arrebatadora fá-lo vacilar. Ele está perante a decisão mais importante da sua vida. Tem de escolher entre a realidade e o sonho, entre o que os seus olhos veem e o que o seu coração sente. Ou talvez não...

Opinião: Este livro é o 3º da saga Bridgerton e confesso que não me despertava muita curiosidade pois este Bridgerton sempre foi um pouco apagado nos livros anteriores. Mas tive uma bela surpresa pois se Benedict nunca foi o foco das atenções, é porque ele é, de facto, uma pessoa reservada, um artista até, mais intimista e que sofre em ser conhecido não como Benedict, um homem sigular, mas como o Bridgerton nº 2.

Se Anthony pareceu ser o que mais sofreu com a morte do pai, até porque tinha responsabilidades a assumir com a família, Benedict também sofreu uma grande perda e teve até um pressentimento, algo que nunca partilhou com ninguém e que só aconteceu três vezes na sua vida: na tarde em que o pai morreu (antes de saber o que tinha acontecido) na noite em que conhece a bela dama no baile de máscara e que ele decide que será a mulher que o acompanhará na vida... e uma terceira vez, quando está a nadar para arrefecer os ânimos e não colocar uma jovem empregada numa situação insustentável.

Benedict é o galã que não o é, é um romântico e sonhador mas ao mesmo tempo, um homem determinado e realista. Após o baile que mudou a sua vida, ele procura a jovem que roubou o seu coração mas não a consegue encontrar... a partir daí as suas relações com as mulheres entram numa espiral de vazio pois ele não consegue deixar de as comparar com aquela que o coração nunca deixou de procurar.

Sophie é uma bela princesa que poderia viver um conto de fadas não fosse a madrasta má que a atormenta, humilha e relega para o trabalho de empregada, qual Cinderela perdida no mundo da aristocracia. O único amor que conheceu foi o da mãe e da avó, até aos 3 anos, idade em que perdeu a progenitora e foi entregue ao pai. O conde pagou a sua educação e assegurou-lhe um tecto mas nunca lhe deu amor. Na casa dele o único amor que encontrou foi junto dos criados. Após a sua morte repentina, a madrasta, que sempre a detestou, não a coloca na rua para receber mais dinheiro de herança mas faz dela a sua escrava pessoal até ao dia em que vê nela uma possível rival e lhe tira a única certeza que Sophie ainda tinha: um tecto sobre a sua cabeça.

Os caminhos de Benedict e Sophie voltam a encontrar-se e, sem perceber, o Bridgerton número 2 apaixona-se por ela. Por seu lado, Sophie nunca esqueceu a noite mágica do baile e sonha que ele possa ser o seu príncipe encantado embora, quando desce à realidade, saiba que não passa de uma mera empregada.

Julia Quinn conta a história da Cinderela de uma forma ternurenta, com a certeza de que o destino não pode separar este casal e com o amor de uma mãe que consegue dizer ao filho que as diferenças sociais são enormes, que a aristocracia sempre os vai olhar de lado se decidirem ser uma casal mas, ainda assim, se for essa a decisão dele, ela vai apoiá-lo em tudo o que puder. Será que um Bridgerton consegue casar-se com alguém tão abaixo da sua escala social, sabendo que isso poderá fazer essa pessoa sofrer possíveis humilhações? Será que Sophie consegue sair do seu papel de empregada e permitir-se a sonhar com algo mais? Será que ela algum dia vai contar-lhe realmente quem é? Sem responder as estas questões, o casal está num impasse do qual poderá não conseguir escapar.

Violet é uma mãe e tanto e volta a mostrar que adora os seus filhos. Aliás, a autora demonstra o amor entre os Bridgerton de forma quase palpável, ele está em todas as frases do livro, em todas as páginas. É uma família unida, que se ama e que também sabe divertir-se.

Esta é a história da Cinderela, é um facto, mas não me parece que seja uma cópia que não acrescenta nada. É um livro interessante, que se lê bem, que tem a leveza de Julia Quinn e dos Bridgerton mas que, ao mesmo tempo, explorara assuntos mais profundos como os sentimentos recalcados durante anos ou a dificuldade de se ser um filho concebido fora de um casamento. Como sempre, foi uma leitura muito agradável, que me fez sorrir mas que, em vez das gargalhadas que os outros livros me conseguiram tirar, fez-me estar várias vezes mais perto das lágrimas.

Estou muito curiosa com o próximo livro pois trará não só a revelação da identidade de Lady Whistledown como terá Colin como protagonista junto de uma Penélope que o ama há 10 anos e que, neste 3º livro, ouviu directamente da boca dele que nunca se casará com ela...

4*
Outros títulos desta saga:
"Crónica de Paixões & Caprichos" (Série Bridgerton 1)
"Peripécias do Coração" (Série Bridgerton 2)
"A Grande Revelação" (Série Bridgerton 4)

Sem comentários:

Enviar um comentário