segunda-feira, 28 de abril de 2014

Crónica de Paixões & Caprichos, Julia Quinn - Opinião

Sinopse: As mães casamenteiras da alta sociedade londrina estão ao rubro: Simon Bassett, o atraente (e solteiro!) duque de Hastings, está de volta a Inglaterra. O jovem aristocrata mal sabe o que o espera pois a perseguição das enérgicas senhoras é implacável. Mas Simon não pretende abdicar da sua liberdade tão cedo…

Igualmente atormentada pela pressão social, a adorável Daphne Bridgerton sonha ainda com um casamento de amor, embora a sua espera por um príncipe encantado comece já a ser alvo de mexericos. Juntos, os jovens decidem fingir um noivado, o que garantirá paz e sossego a Simon e fará de Daphne a mais cobiçada jovem da temporada.

Mas, entre salões de baile e passeios ao luar, a paixão entre ambos rapidamente deixa de ser ficção para se tornar bem real. E embora Daphne comece a pensar em alterar ligeiramente os seus planos iniciais, Simon debate-se com um segredo que pode ser fatal…

Opinião: A série Bridgerton de Julia Quinn faz a sua estreia com este "Crónica de Paixões & Caprichos". Entramos pelos salões de festa da alta sociedade, imiscui-mo-nos no seio dos mexericos e senti-mo-nos acolhidos pela enorme família Bridgerton que tem uma característica muito particular: os nomes de cada filho começam com uma letra do abecedário de forma seguida, ou seja, o primeiro filho tem um nome começado por A (Anthony), o 2º começado por B, o 3º começado por C e em 4ª surge Daphne (letra D), a protagonista desta históris, e assim sucessivamente até ao 8º. Logo aqui vemos que estamos perante um livro leve, bem disposto e divertido que não deixa de abordar também temas mais sérios.

Conhecemos o duque em pequeno, logo aos 2 anos sem conseguir dizer uma palavra, aos 4 anos a sofrer por esta perturbação e a ser abandonado e preterido pelo pai, ao ponto dos criados do seu pai na propriedade onde este vivia (diferente daquela em que estava o filho), pensarem que o menino tinha morrido. Aos 8 anos, Simon enfrentou o pai mas perdeu a batalha com aquela figura imponente e prepotente... a única coisa que tirou daquela relação foi ter ainda mais força (ou raiva?) para conseguir ultrapassar os seus obstáculos: falar correctamente e ter uma boa formação.

Daphne era uma rapariga despretensiosa, forte e muito feliz que lamentava apenas que os homens a vissem como amiga e não como possível futura esposa. O seu maior desejo é casar, constituir uma família e ser tão feliz como os seus pais haviam sido. Violet, a sua mãe, é uma figura autoritária a quem os filhos são incapazes de contrariar e que não se deixa enganar por eles mas é também uma mãe completamente devota aos filhos, uma mãe que os adora e que os protege acima de tudo. E, no momento, o que ela tem na cabeça é arranjar um marido para Daphne que já tinha sido apresentada à sociedade dois anos antes mas ainda não tinha um casamento assegurado...

O duque e Daphne conhecem-se por acaso quando ele vai em socorro dela e depressa estabelecem uma relação que ambos negam estar a sentir. Mas o duque propõe a Daphne que encenem mesmo uma relação de forma a que ele possa fugir a todas as mães casamenteiras e que ela consiga chamar a atenção de outros homens.

A história desenrola-se entre os momentos genuínos e felizes entre o casal que não é casal, nas suas conversas fáceis, no carácter e força de Daphne... até ao ponto em que ela se percebe apaixonada e ele não consegue segurar o seu desejo... em plena festa! Anthony, o irmão mais velho e melhor amigo do duque, como homem da casa (o pai já tinha falecido) terá de salvar a honra da irmã e tenta obrigar Simon a casar mas ele prefere morrer... apesar do que sente por Daphne... e um duelo é marcado.

O temperamento forte e uma cavalgada à amazona de Daphne salvam Simon de uma morte certa e o casamento de ambos é acertado mas Daphne vai perder algo que sempre quis ao aceitar casar-se com o duque. Entre momentos divertidos, românticos, apaixonados e até eróticos e momentos furiosos e de muita tristeza, este livro corre a um ritmo alucinante e torna real uma necessidade de leitura urgente ainda que saibamos que é um romance onde tudo vai acabar bem... ou será que não?

As "Crónicas da Sociedade de Lady Whistledown são outro ponto de interesse do livro. Esta personagem de identidade desconhecida escreve um jornal de mexericos de uma folha e consegue ser mordaz e verdadeira como pouco o conseguem ser. A leitura deste "jornal" faz as delícias da alta sociedade e também dos leitores de Julia Quinn. Será ela, ou "esta vossa Autora" como se auto-denomina, que vai fazer saber a Londres que Daphne, agora duquesa de Hastings, está de regresso à cidade... mas veio sozinha.

Um história ternurenta e apaixonada mas também muito sofrida, com protagonistas sólidos e uma família barulhenta e feliz que nos faz ter vontade de continuar a saga para saber o que se vai passar com cada um deles. Por trás das futilidades, do amor e do erotismo, ficam ainda importantes mensagens de amor, abandono e cicatrizes do passado que nunca chegam a fechar totalmente.
4*
Outros títulos desta saga:
"Peripécias do Coração" (Série Bridgerton 2)
"Amor & Enganos" (Série Bridgerton 3)
"A Grande Revelação" (Série Bridgerton 4)

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